Vai ficar tudo bem, eles não param de dizer...
Hoje foi o primeiro fim de semana que fiquei sem beber desde a sua partida. Eu sei que eu estou jogando um jogo perigoso. Roleta russa.
Eu estava há quase 30 dias sem dormir uma noite toda. Mais de
quinze sem passar um dia inteiro sem chorar. Sexta eu falhei nessa missão toda
vez que alguém me perguntou se eu estava bem. Falhei nessa missão toda vez que
alguém me dizia que ia passar. Quando a médica perguntou como eu estava, as
lagrimas quentes se formaram no canto dos meus olhos e sujaram meus óculos de
tanto derramar. Ela me encaminhou para o psicólogo: depressão. Rivotril para dormir.
Terapia para acordar.
Ainda tenho muitos gatilhos. Tu era meu contato de emergência.
Ainda há muitas memórias que eu queria compartilhar. Meu filho
pilchado na apresentação de natal da escola. Meu Deus, como eu queria que tu
visse isso.
Ainda há muita dor. Meu bebê aprendendo a falar dizendo que
o vovô foi morar na lua de queijo. Tenho medo que ele esqueça do seu rosto, e
eu também.
Ainda há muito a lamentar. Como no dia que o banco me ligou
pedindo os dados dos meus irmãos para um procedimento burocrático e lembrei que
já não falo mais com eles.
Ainda há muito o que fazer. Minha mãe sendo forte, mesmo não
tendo mais como o ser.
Esse foi o primeiro fim de semana que eu fiquei sem beber. Mas
ainda é sábado, ainda temos todo o tempo do mundo para se arrepender...
Ou não.
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