Quem nunca...

 Cotidiano


Uma menina coça o olho.

Olha para o céu e pensa que vai chover.

Uma mãe carrega seu filho nos braços leva para escola,

Precisa trabalhar, para comer.


Uma cara cata um pedaço de cigarro, bota na boca entra no carro e sai fumando.


Na calçada o cachorro corre atrás de um gato.

Um mendigo sem sapato revira o lixo.

O carro de propaganda política espalha o lixo pelo ar.

E passa carro, moto, skate e bicicleta.

E o vai e vem não para.

Uns em linha reta.

Outros pelas sarjetas.

E o sol vai indo embora e a as luzes dos postes vão se acendendo.

Lá nas casas começa os tormentos.

As intempéries e ventos do sul.

Os mercados lotam.

A fila pra apostar na mega sena.

Os botecos com seus alcoólatras.

As igrejas com seus sermões prolixos.


Os proletários das fabricas.

As loiras fajutas desfilando suas bolsas de grife.

O pobre o rico, tudo junto e misturado no cotidiano desse mundão de Deus.

Os restaurantes, as avenidas, as drogas e as prostitutas.

As escolas, os jovens rebeldes.

E tudo é poeira no vento e o relógio não para.

E a feira, e a guerra, e os sapatos na vitrine.

E a corrupção, e os corações partidos.

A fome, a gastação de grana, os porres.

Os cigarros caros, os entorpecentes.

E a policia que corre atrás do ladrão de pão, na casa do João...

João e Maria

E as meninas, e os meninos e os animais.

E coisas tão iguais.

E o sexo e as coisas banais.

A homossexualidade e o preconceito.

E os casais e tals. E mais um monte de blábláblá.

E os mesmo mimimi’s.

E um velório.

E os dados e as contagens de civis,

E os casamentos.

E os lamentos.

E a dor alheia que ninguém se importa.

As teorias e os acidentes de carro.

A bomba nuclear e os Replicantes.

E as feministas, e a mídia e toda essa merda flutuante.

E uma infindável lista de coisas que acontecem...

Uma menina coçou o olho e percebeu que o mundo não para, para ela se

regenerar de sua dor...


Comentários