Inundando as planícies da razão

Me enforquei com o fio da meada

Perdi o feeling

Perdi o jeito

Perdi a essência

Perdi a alma

Me perdi

Por entre os labirintos 

De uma mente confusa

E o cansaço

Socou meu estômago

Com a força de um desastre natural.

Fracassei

Em andar de skate, em fazer artesanatos, em lutar kung fu, em fazer cup cakes, em ser empreendedora, em jogar basquete, em tocar baixo, em ser alcoólatra.

Virei

Uma escritora de merda, uma gestora de merda, uma cantora de merda, e a pilha de merda e de fracassos só aumenta.

Virei uma acumuladora. 

Eu não aguento mais.

Eu não sinto mais.

Eu não sei que direção tomar e ficar parada não é uma opção.

Então eu continuo lavando a louça, a roupa, limpando o chão.

Então eu continuo indo pra uma faculdade que não levo jeito e vou empurrando com a barriga até onde der.

Eu continuo sem sonhos, sem lenços nem documento, esperando por uma briga de foice porque, DIABOS, estou tão entediada.

E fico fazendo listas e coisas que quero comprar.

Mas na verdade eu estou esperando dar tudo errado, porque COME ON sempre dá alguma coisa errada

E tudo EXPLODE na minha cara.

E a minha cara já está machucada demais, porque eu sinto demais até mesmo quando digo que não sinto e quando não há o que sentir. 

E se você olhar nos meus olhos, bem no fundo da pupila, não vai ver nada disso, porque o vulcão está abaixo da superfície. 

Lá onde a minha sanidade ameaça a romper. 

Separar a Laurásia da Gondwana

Inundar as planícies da razão

E destruir essa porra toda.


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