Isabella tinha sete anos.
Bella desenhava pessoas coloridas e casas voando. Ela falava com o gato, com o cachorro, com o papagaio.
Ela queria ser cantora, bailarina, professora, piloto de formula truck, policial, assassina, vendedora, cabeleireira, atriz, jornalista, advogada. Tudo junto e de uma só vez.
Isabella traçava o mundo em cores vivas e nuvens cor-de-rosa, pessoas azuis e casas voadoras, na ponta de um giz de cera em papel branco como sua inocência.
Mas o pai de Isabella chegou zangado, e sua mãe tinha outros três filhos para cuidar. Eles disseram a Isabella que casas não voam, que pessoas não são coloridas, que animais não podem falar, que não se pode ter tudo, ela teria somente uma profissão, e que ser cantora ou atriz é mera ficção, não é real, não é possível.
Bella hoje tem 28 anos. Trabalha atrás de um computador e atende telefonemas com letargia na voz. Hoje Bella mora sozinha num apartamento que não voa. Não tem gatos, nem cachorro, nem papagaio.
Bella não é atriz, cantora, piloto de formula truck. Bella é apenas uma funcionaria padrão, com seu salário medíocre.
Isabella é triste e solitária e vê o mundo em tons de cinza.
Nunca diga a uma criança que os sonhos sãos impossíveis, nunca recrimine uma criança.

Ela corre o risco de não mais sonhar, não acreditar em um mundo colorido e passar a ver tudo cinza, sem graça e sem sabor....

Comentários